04/12/2017

Um dia não me vou lembrar

Um dia, daqui a um ano, daqui a dez, amanhã... mas um dia, não me vou lembrar de tanta coisa!

Um dia não me vou lembrar de como tens medo de aranhas, e dos ralos e luzes das piscinas (tu não sabes, mas eu também tenho um bocadinho!), mas pareces não ter medo de muito mais na vida.

Um dia não me vou lembrar de como já sabes decor várias histórias, as de que mais gostas, como as histórias do Óscar.

Um dia não me vou lembrar de como todas as noites cada um de nós partilha o melhor e o pior do seu dia - ou vou - pode ser que consigamos manter estra nossa tradição por muitos anos.

Um dia não me vou lembrar da primeira vez que quiseste tomar banho com o Duarte, e te juntaste a ele na banheira pequenina laranja, e ali ficaram os dois, tu com parvoíces, ele a delirar de alegria, e nós de amor!

Um dia não me vou lembrar de como há uns tempos não sabias dizer o teu nome correctamente, e dizias Mimão (que mais tarde passou a Timão, e hoje, do alto dos teus 3 anos quse 4, já dizes Simão como gente grande).

Um dia não me vou lembrar de como aos 3 anos (e meio) mudaste de escola, estranhaste o primeiro mês, mas depois foi sempre a conquistar e 3 meses depois tens vários amigos novos, de várias idades, vejo-te no recreio ao chegar, por vezes alegremente a brincar sozinho, por vezes no meio de todas as tuas "primas", que já te adoptaram.

Um dia não me vou lembrar de como adoras vir "ajudar" na cozinha, puxas a minha cadeira cor-de-rosa, e ali ficas, sempre ao meu lado, mexendo tachos, partindo os ovos, cortando cascas, o que fôr, com uma destreza que me deixa orgulhosa.

Um dia não me vou lembrar de como adoras espinafres com feijão, detestas quase todas as frutas (excepção para abacates, maracujás e côco).

Mas...
...Um dia não me vou esquecer, do teu cheiro, de como nos respondes sempre "eu também", quando te dizemos o quanto gostamos de ti, do teu sorriso, e de como o coração parece querer sair do peito, quando nos perdemos nestes teus detalhes, tão teus, tão nosso e do mundo...

08/11/2017

Começos, recomeços e mudanças em geral

Sou uma sortuda. Tenho o privilégio de ter nascido e crescido num país com boas condições, e numa família perfeita(mente imperfeita!). Tive a sorte de a minha família ter um pequeno negócio e fui desafiada a "pegar nas coisas", a par com o meu pai, e a minha mãe no backgroud, mas que não pode nem deve ser subestimada. Nunca imaginei, em miúda, que um dia iria trabalhar com o meu pai, mas foi mesmo o que aconteceu. Dentro de dias deixo de ser trabalhadora por conta de outrem. Passo a trabalhar para mim, para nós. Vou ganhar tanto mais, não em dinheiro (aí prevejo que não seja um grande aumento), mas em qualidade de vida, em TEMPO, e em flexibilidade do meu tempo. Um luxo a que poucos têm acesso, principalmente sem grandes riscos, porque o negócio já está "a andar".
Agora, ainda em casa, de licença parental alargada, o que tem sido outro privilégio, já consigo prever a qualidade de vida que vou passar a ter, eu e os miúdos (todos ao parque todos os dias!)!

O meu tempo vai dar para fazer um bom trabalho (espero!), e para me dedicar a alguns projetos que vou inventando e arrumando nas minhas prateleiras mentais! E se elas estão cheias! Muita coisa, algumas a ganhar pó, outras felizmente nunca verão a luz do dia (há por lá muito lixo também!). Quero escrever mais, também. Gosto de escrever, preciso de me ler, de preservar memórias para que um dia os meus filhos possam conhecer melhor a mãe que têm hoje, que será certamente diferente da mãe que terão daqui a um ano, e ainda mais daqui a vinte! Para que eu me re-descubra e me surpreenda no futuro com o que me vai na cabeça hoje. Sempre fui muito nostálgica, e esta forma é ótima para pessoas como eu! Também quero ler mais, até para poder escrever mais e melhor! Sim, porque ler a Time-Out semanalmente e a Pais e Filhos acho que não é suficiente 😄.

É com pena que "abandono" os meus actuais colegas. Depois de 9 meses de ausência, estou certa que eles não darão pela minha falta. Já eu... preciso de pessoas, sou uma pessoa de conversas, divagações e muita conversa sem nexo, só porque sim, só para praticar o discurso, e dizer maluqueiras! E tenho bons colegas, vou fazer por os manter debaixo da asa, com almoços de vez em quando... não me abandonam assim de ânimo leve. 
Felizmente, na nossa área de negócio, vou continuar a lidar com pessoas diáriamente, para o bem e para o mal. Quero tirar o máximo de proveito do tempo que sobra para também interagir ao máximo com quem me cruzo no dia-a-dia, eu e os miúdos. Já sou grande amiga da malta do quiosque do meu bairro, dos senhores da mercearia, dos senhores do mercado... A vida que importa, no fundo! Bem melhor do que contar carros na segunda circular às 8:10 da manhã! "Méééé", saí do rebanho! 😁